O Grupo Educação, Mineração e Território (EduMiTe) é uma iniciativa interdisciplinar de
pesquisa, ensino e extensão, composta por docentes e discentes da educação básica, técnica e
superior, pesquisadores(as), cientistas cidadãs(ãos) e colaboradoras(es) comunitários(as). O
grupo atua na construção e disseminação de saberes sobre mineração e suas controvérsias,
impactos ambientais e sociais das atividades minerárias e a territorialidade dos desastres, com
ênfase nas bacias hidrográficas do Quadrilátero Ferrífero-Aquífero (QFA), especialmente na
bacia do rio das Velhas, em Minas Gerais. O projeto dialoga diretamente com os seguintes
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS): (3) Boa saúde e bem-estar; (6)
Água e saneamento; (14) Vida embaixo da água e (17) Parcerias em prol das metas. Como
objetivos principais temos o Projeto “Rede de Monitoramento Geoparticipativo: Que lama é
essa. Coletamos solo e água para acompanhar as mudanças sazonais de qualidade e quantidade
de água e observar as características do solo em áreas urbanas e rurais destas bacias que têm
barragens em seus territórios. Há nas áreas pesquisadas em torno de 75 barragens de rejeitos na
parte alta do rio das Velhas e acima da captação de água do mesmo rio que abastece 70% da
capital Belo Horizonte e 40% da região metropolitana. A presença da mineração em Minas
Gerais imprime marcas profundas na organização do espaço e na vida das populações atingidas
por rompimento de barragem. A extensão universitária, nesse contexto, assume papel central na
mediação entre conhecimento acadêmico e saberes locais, fortalecendo a participação social e
ampliando o acesso a informações qualificadas. O programa de extensão Educação, Mineração e
Território (EduMiTe) constitui-se como espaço de formação, pesquisa e ação extensionista que,
ao longo de 2019 e 2025, vem articulando o uso de geotecnologias e metodologias participativas
para compreender e enfrentar os impactos socioambientais da mineração e dos desastres
sociotécnicos relacionados a barragens de rejeito de mineração. O presente trabalho tem como
objetivo geral utilizar e integrar o geoprocessamento às práticas de educação geográfica,
produzindo análises, mapas e materiais didáticos que favoreçam a leitura crítica deste território
impactado. Busca-se, ainda, ampliar a capacidade de mobilização das comunidades atingidas,
apoiar processos de monitoramento ambiental e contribuir para a formação de estudantes em
uma perspectiva cidadã e interdisciplinar. A metodologia adotada combina levantamento e
organização de dados espaciais, tratamento de imagens de sensoriamento remoto,
georreferenciamento de pontos de coleta e elaboração de mapas temáticos em softwares livres
de SIG. Alguns dos produtos compõem os boletins mensais do EduMiTe, que reúnem
indicadores socioambientais, análises críticas e visualizações cartográficas de fácil compreensão
para diferentes públicos. Outros mapas são utilizados em materiais técnicos de denúncias a
órgãos de controle e judiciais, em dossiês, reportagens e mídias virtuais. A equipe extensionista
também participa ativamente do projeto vinculado ao programa maior “Que lama é essa?”, que
une iniciativa de ciência cidadã e envolve comunidades atingidas na coleta de amostras de água
e solo, transformando os dados obtidos em insumos para debate público e incidência política.
Oficinas formativas e encontros de devolutiva são realizados de forma contínua, garantindo que
o processo seja dialógico, validado coletivamente e capaz de mobilizar reflexões sobre os
direitos territoriais e ambientais. Entre os resultados alcançados, destacam-se a ampliação do
repertório técnico dos(as) estudantes extensionistas em geoprocessamento, a sistematização de
informações antes dispersas e a geração de produtos cartográficos que subsidiam ações de
defesa de direitos. Comunidades parceiras passaram a utilizar os mapas produzidos para
embasar reivindicações em conselhos e audiências, fortalecendo sua autonomia na interlocução
com órgãos públicos. Do ponto de vista pedagógico, o projeto tem contribuído para a formação
de um olhar geográfico crítico, articulando conceitos acadêmicos à realidade vivida pelas
populações locais. Considera-se que a experiência potencializa a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, ao articular o rigor científico com o compromisso social. Ao democratizar
o acesso às geotecnologias e promover a coprodução de conhecimento, o trabalho reafirma o
papel da universidade como agente de transformação social, capaz de construir pontes entre
saberes e de fomentar práticas que incidem sobre a realidade. Além de capacitar o aluno em
formação no uso das técnicas em variados projetos em geografia e em interface com outras
ciências.